Existia, em
vilarejo longínquo, um velho monge, muito sábio e respeitado. A fama de sua
sapiência corria por toda parte, inspirando os jovens nativos a ansiarem por
ingressar no monastério, a fim de aprender as lições do velho sábio.
Dentre os
pequenos aspirantes ao monastério, havia um que sempre sonhara em poder aproximar-se daquele velho sábio, pois o admirava e nutria
por ele um amor inexplicável.
Este jovem
ingressou monastério, logo tornando-se muito próximo ao velho sábio, sendo
admirado por seu raciocínio rápido e leveza de movimentos.
O jovem aprendiz, admirava a paciência e habilidades de seu instrutor. Mas
jamais recebera dele qualquer palavra ou atitude de alento ou de reconhecimento.
O velho sábio
por sua vez, em seu afã de treinar e testar a fidelidade daquele jovem, o desafiava com missões cada vez mais
complexas; as quais o jovem esforçava-se em executar com a presteza de um
mestre.
Quando a missão
estava completa, o velho sábio apenas acenava positivamente com a cabeça e não
se preocupava em elogiar; apenas designava outro desafio e dirigia-se para
treinar os demais aprendizes, aos quais cumprimentava, individualmente, congratulando-os por seus
feitos.
A cada descaso
de seu velho mestre, o jovem aprendiz ia perdendo um pouco do seu viço, de sua
alegria em servir e aprender. Parecia-lhe que era insignificante para seu
mestre.
Certo dia, o
monastério foi invadido por vândalos, que buscavam os tesouros guardados
naquele local paradisíaco. Seguiram decididos para abordar o velho monge, a fim
de conseguirem acesso à sala do tesouro. Com a negativa do velho monge, o líder
dos salteadores, começou a espancá-lo,
puxando uma adaga para feri-lo.
Neste momento o
jovem aprendiz se coloca entre a lâmina afiada e seu idolatrado mestre,
recebendo, no lugar dele, o golpe fatal.
Após o
sepultamento daquele dedicado aprendiz, o velho monge foi separar seus parcos
pertences, a fim de enviá-los à sua pobre família. Lá encontrou a seguinte
anotação:
“Combati bons
combates, venci grandes desafios, mas nunca obtive o que vim buscar: o respeito
e a gratidão do meu mestre que considerava sábio, preocupado e
amável, para com o próximo, mas percebi-o desatento, despreocupado e insensível.”
Que lindo! Simples, mas ainda percebo mágoa. Todos temos momentos de mágoas, desenganos. Claro que é metafórico dizer "se matando por alguém". Mas passamos nossas vidas fazendo sacrifícios para agradar a quem amamos e respeitamos,sendo que muitas vezes somos tão insgnificantes para determinadas pessoas que sentimos a "lâmina da adaga", subtraindo um pouco de nossa essencia a cada dia. Magistral! Gostei!
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