sábado, 5 de maio de 2012

O jovem Aprendiz





Existia, em vilarejo longínquo, um velho monge, muito sábio e respeitado. A fama de sua sapiência corria por toda parte, inspirando os jovens nativos a ansiarem por ingressar no monastério, a fim de aprender as lições do velho sábio.

Dentre os pequenos aspirantes ao monastério, havia um que sempre sonhara em poder  aproximar-se  daquele velho sábio, pois o admirava e nutria por ele um amor inexplicável.

Este jovem ingressou monastério, logo tornando-se muito próximo ao velho sábio, sendo admirado por seu raciocínio rápido e leveza de movimentos.

O  jovem aprendiz, admirava  a paciência e habilidades de seu instrutor. Mas jamais recebera dele qualquer palavra ou atitude de alento ou de reconhecimento.

O velho sábio por sua vez, em seu afã de treinar e testar a fidelidade daquele jovem,  o desafiava com missões cada vez mais complexas; as quais o jovem esforçava-se em executar com a presteza de um mestre.

Quando a missão estava completa, o velho sábio apenas acenava positivamente com a cabeça e não se preocupava em elogiar; apenas designava outro desafio e dirigia-se para treinar os demais aprendizes, aos  quais cumprimentava,  individualmente, congratulando-os por seus feitos.

A cada descaso de seu velho mestre, o jovem aprendiz ia perdendo um pouco do seu viço, de sua alegria em servir e aprender. Parecia-lhe que era insignificante para seu mestre.

Certo dia, o monastério foi invadido por vândalos, que buscavam os tesouros guardados naquele local paradisíaco. Seguiram decididos para abordar o velho monge, a fim de conseguirem acesso à sala do tesouro. Com a negativa do velho monge, o líder dos salteadores, começou a espancá-lo,  puxando uma adaga para feri-lo.

Neste momento o jovem aprendiz se coloca entre a lâmina afiada e seu idolatrado mestre, recebendo, no lugar dele,  o golpe fatal.

Após o sepultamento daquele dedicado aprendiz, o velho monge foi separar seus parcos pertences, a fim de enviá-los à sua pobre família. Lá encontrou a seguinte anotação:

“Combati bons combates, venci grandes desafios, mas nunca obtive o que vim buscar: o respeito e a gratidão do meu mestre que considerava sábio, preocupado e amável, para com o próximo, mas percebi-o  desatento, despreocupado e insensível.” 


Um comentário:

  1. Que lindo! Simples, mas ainda percebo mágoa. Todos temos momentos de mágoas, desenganos. Claro que é metafórico dizer "se matando por alguém". Mas passamos nossas vidas fazendo sacrifícios para agradar a quem amamos e respeitamos,sendo que muitas vezes somos tão insgnificantes para determinadas pessoas que sentimos a "lâmina da adaga", subtraindo um pouco de nossa essencia a cada dia. Magistral! Gostei!

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